La Paz - Capital administrativa da Bolívia |
Ao deixar “las rutas del Che” para trás não pude depojar das impressões territoriais da capital do departamento de Santa Cruz, cidade capitalisticamente desenvolvida do oriente boliviano, oriunda do povoamento espanhol e das missões jesuíticas. Sim, um traço diferente da razia espanhola que encontraria por todos os cantos e desencantos da rota até Machu Picchu. Ao chegar em La Paz, com toda falta de ar possível, pude identificar a razão de um pequeno conflito ideológico que se acirraria anos mais tarde entre o ocidente e o oriente boliviano. A querela entre os collas ocidentais e os cambas orientais apresentava um estrutura semelhante aos dos conflitos partidários entre a esquerda e a direita na América latina, da polaridade do federalismo distributivo versus a concentração de renda nos territórios detentores dos meios de produção. Intolerância, separatismo, projetos sociais de inclusão e distribuição de renda, todo um conjunto de variáveis políticas que configuravam a camada manifesta das maiores contradições da colonização da civilização Inca, sua sujeição à cultura Européia. A necessidade de apagar os vestígios dos antigos era evidente em Santa Cruz de la Sierra. A resistência maciça dos collas havia acabado de eleger seu primeiro representante à Presidência da República. Diante dessa situação eu me perguntava: quanta contradição pode suportar um povo que possui duas capitais? Havia descoberto que Sucre era a capital constitucional/judicial da Bolívia e La Paz a sede administrativa. Entendi também porque “hojas de coca” são utilizadas como estimulante natural, pois com tanta ladeira e ar tão rarefeito café nenhum poderia servir como substância energética. Conversei com um dono de uma banca de revista que contou bastante sobre essas questões, pela foto se nota sua posição diante dos conflitos em seu país.